As quatro funções da administração – planejamento, organização, direção e controle – formam um todo, responsável pela gestão de qualquer empresa. Nesse sentido, uma função não pode ser considerada mais importante que a outra: todas devem ser executadas da maneira mais eficiente e eficaz possível para obter resultados melhores.
A função de organização – embora não seja a mais importante – certamente é uma das mais complexas. Afinal, enquanto o planejamento define o que fazer, a organização se estabelece como fazer. E aí as coisas se complicam – bastante.
Muitos livros, revistas ou jornais da área gerencial gostam de descrever fórmulas para o sucesso empresarial. A hipótese subjacente é de que existe um conjunto de procedimentos que inevitavelmente leva ao sucesso, independentemente das características da empresa. Toneladas de papel e muito português foram gastos com teorias baseadas nessa hipótese. Entretanto, a maioria resultou em muita frustração para gestores e para funcionários, muitos dos quais desempregados após a aplicação de tais teorias. Por que isso aconteceu?
A resposta está na função de organização. Estabelecer como fazer o que foi planejado é algo complexo, pois há muitas variáveis envolvidas. Para certas empresas, algumas dessas variáveis são as mais importantes. Para outras, outro grupo de variáveis assume esse papel. Além disso, cada empresa é única, tendo uma trajetória histórica que vai determinando a cultura, a maneira de funcionar e o “estilo” da empresa. Assim, o que funciona para uma empresa pode dar completamente errado em outra. Não há uma fórmula universal para o sucesso.
A função de organização mostra isso claramente. Considere, por exemplo, a departamentalização. Ela mostra que há uma diversidade de estruturas organizacionais possíveis, cada uma com suas vantagens e desvantagens. Para uma empresa, a estrutura matricial pode ser a solução. Para outra, a funcional é mais interessante. Dependendo da estrutura escolhida, a maneira de administrar a empresa pode ser diferente.
Outro aspecto que mostra o quão a função de organização pode ser complexa é a formalização. Algumas empresas são menos formais. Isso significa que seus funcionários têm que lidar com regras um pouco mais flexíveis. No Google, por exemplo, o funcionário pode ter um horário de trabalho mais adequado às suas necessidades pessoais. Já outras empresas são mais formais. Esse é o caso da maioria das empresas de auditoria, conhecidas por exigirem uma postura mais sóbria de seus funcionários. Outro exemplo são os bancos, que têm horários de trabalho bastante rígidos para seus funcionários.
Em empresas menos formais a maneira de se fazer as coisas – ou seja, de organizar – é totalmente diferente daquelas mais formais. O que dá certo no Google dificilmente funcionaria no Itaú ou na Deloitte. As culturas dessas empresas, suas maneiras de funcionar e seus “estilos” são totalmente diferentes entre si.
O estudo da função de organização é importante para ressaltar que não existe uma fórmula única para o sucesso empresarial. Parafraseando uma conhecida rede de idiomas sediada em Belo Horizonte, “empresas diferentes precisam de métodos diferentes”. O sucesso é possível – mas depende da capacidade dos gestores de encontrar a melhor maneira de se fazer as coisas, ou seja, de organizar.
Para saber mais:
CARLZON, Jan. A hora da verdade. São Paulo: Sextante, 2005.
Um dos grandes clássicos da literatura gerencial de todos os tempos. Ele narra como o autor – então presidente da quase falida SAS (Scandinavian Airlines System) – conseguiu reestruturar a empresa e torná-la um caso de sucesso empresarial.
CORREA, Cristiane. Sonho grande. São Paulo: Primeira Pessoa, 2013.
Um ótimo livro para quem quer conhecer casos de sucesso em empresas brasileiras. A autora descreve a trajetória dos executivos que criaram a ANBEV e, posteriormente, estiveram à frende da formação da INBEV.
DAFT, Richard. Administração. São Paulo: Cengage, 2009.
Clássico manual da administração. O livro é bastante completo, dando uma visão detalhada dos aspectos mais importantes da gestão de empresas – incluindo as funções de planejamento, organização, direção e controle.
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