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DESMISTIFICANDO A FUNÇÃO DE CONTROLE

A função de controle está muito ligada à de direção. Isso ocorre porque dirigir pessoas significa – até certo ponto – controlá-las. Sei que isso talvez soe estranho para você. Afinal, “controlar pessoas” não é exatamente uma expressão simpática. Mas é exatamente isso que acontece na prática.

Por mais que gestores “humanistas” evitem falar de controle, ele está presente o tempo inteiro em qualquer empresa. Livros de registro de presença, ponto eletrônico, quadro de horários, manuais de procedimentos, tarefas com prazo determinado. Tudo são exemplos de controle em uma empresa. Não há como fugir disso.

Em termos práticos, o controle é necessário na empresa porque as tarefas e atividades precisam ser executadas da maneira mais eficiente e eficaz possível – afinal, os recursos são escassos, como já vimos na disciplina. Dessa forma, é ilusório acreditar que uma empresa vai deixar que seus funcionários façam o que quiserem, na hora que quiserem e do jeito que quiserem.

A conotação negativa do controle normalmente está associada à rigidez excessiva de algumas empresas. Por exemplo, há uma conhecida instituição de ensino superior em Belo Horizonte que usa os antiquados bedéis para supervisionar o trabalho dos professores. Eles ficam pelos corredores, fiscalizando se o professor está em sala ou se libera a turma dentro dos horários especificados pela instituição. Qualquer problema nesse sentido, o bedel se encarrega de comunicar a coordenação de curso, que adverte o professor pela “falha”. No mundo empresarial essa postura controladora não é novidade: funcionários de call centers são um dos que mais sofrem com isso, pois tudo o que fazem é vigiado de perto por seus superiores hierárquicos.

Embora esses abusos ocorram com relativa frequência, a função de controle não pode ser resumida a eles. Na verdade, controlar significa adotar as ações necessárias para que os objetivos sejam atingidos. Isso pode ser feito de várias maneiras, sem recorrer a um estado de vigilância sobre os funcionários.

Empresas mais dinâmicas e voltadas para a inovação, por exemplo, tendem a adotar métodos de controle menos invasivos. A fixação de prazos a serem cumpridos é uma forma de se conseguir isso. Por exemplo, há um determinado processo que precisa ser concluído por uma equipe em, digamos, dois meses. Para a empresa, como a equipe vai fazer isso é o de menos. O que interessa é o resultado, cabendo ao líder da equipe estabelecer a forma pela qual eles e os demais membros trabalharão. Nesse tipo de dinâmica, usualmente o sistema de trabalho é definido conjuntamente por todos os membros da equipe – com as divergências normais em qualquer interação humana. Não é por ser coletivamente estruturado que o sistema deixa de controlar as pessoas. Mas ele também não é tão invasivo como no caso dos bedéis.

Em suma, a função de controle é necessária em qualquer processo em uma empresa. Sem ela, as tarefas e atividades tendem a ser feitas de maneira pouco eficiente e pouco eficaz. Assim, há desperdício de recursos escassos, o que acarreta efeitos negativos tanto para a empresa como para seus funcionários.


Para saber mais:


  • DAFT, Richard. Administração. São Paulo: Cengage, 2009.


Clássico manual da administração. O livro é bastante completo, dando uma visão detalhada dos aspectos mais importantes da gestão de empresas – incluindo as funções de planejamento, organização, direção e controle.



  • FLEURY, Maria Tereza; FISCHER, Rosa Maria. Cultura e poder nas organizações. São Paulo: Atlas, 1992.


Este é um livro clássico da área de recursos humanos no Brasil. Ele aborda as interações entre a cultura da organização e o poder exercido pelos seus vários grupos, tanto formais quanto informais. Dessa forma, dá uma boa ideia de como funciona o controle na empresa.

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