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INFLUENCIADORES DIGITAIS EM FINANÇAS E SEUS CONFLITOS DE INTERESSES

Atualizado: 12 de jun. de 2023


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INTRODUÇÃO


No mundo de hoje, os influenciadores financeiros tornaram-se parte integrante da nossa vida. São especialistas com vasto conhecimento e experiência em diversas áreas, como finanças pessoais, investimentos, imóveis, criptomoedas, entre outras.

Essas pessoas têm um grande número de seguidores em plataformas de mídia social como Twitter e Instagram, nas quais compartilham seus insights e opiniões sobre os mais variados assuntos relacionados às finanças. Seu público varia de pessoas comuns, que procuram melhorar suas finanças, a investidores institucionais procurando orientação sobre decisões de investimento complexas.

Esses especialistas fornecem uma abordagem prática para aprender sobre a gestão do dinheiro, que é cada vez mais essencial nestes tempos econômicos incertos. Além de fornecer conteúdo educacional gratuito ou de baixo custo por meio de plataformas online como YouTube ou podcasts, os influenciadores financeiros também costumam ofertar serviços de consultoria ou cobrar taxas para acesso especial a conteúdo premium, como cursos ou webinars.

O crescimento das plataformas de mídia social também tornou mais fácil para esses especialistas alcançar um público mais amplo do que nunca. Hoje em dia, simplesmente postando atualizações nos stories do Twitter ou Instagram enquanto interagem simultaneamente com os seguidores por meio de mensagens diretas (DMs), eles podem facilmente inspirar centenas, se não milhares, globalmente. No geral, esses especialistas influentes fornecem um valor incomparável na educação de indivíduos e na promoção de melhores práticas financeiras, levando a uma estabilidade econômica mais excelente em todo o mundo.


Os Brasileiros Acordam para a Educação em Finanças


Esse crescimento da presença dos influenciadores financeiros não ocorreu por acaso. Na verdade, ele vem no esteio de um fenômeno mais amplo que está mudando a cultura dos brasileiros em relação às finanças pessoais.

Nos últimos anos, muitos brasileiros têm se preocupando com um aspecto que frequentemente negligenciamos: a educação financeira. Esse termo refere-se ao planejamento dos aportes de recursos financeiros ao longo dos anos para atingir os objetivos desejados.

Todos nós temos planos para o nosso futuro: adquirir um carro ou uma casa própria, viajar para lugares incríveis, enviar nossos filhos para boas universidades, e assim por diante. Independente de qual seja o seu plano saiba que ele precisa ser financiado, ou seja, se você quiser concretizá-lo, precisará ter recursos financeiros disponíveis. Por essa razão, quem não planeja - e executa - os aportes necessários provavelmente viverá sonhando com aquilo que jamais acontecerá.

É nesse ponto que a educação financeira emerge como um conceito importante para as nossas vidas. Nós não temos o controle de tudo o que acontece nelas - ao contrário do que pregam os gurus de autoajuda - e isso deixa claro que a realização dos nossos planos não depende de conceitos genéricos como garra, força de vontade, mentalização ou algo do tipo. Nós, porém, podemos e devemos tomar as ações lastreadas no bom senso na administração dos recursos financeiros que são colocados sob nossa responsabilidade.


Se planejarmos adequadamente os aportes financeiros necessários para concretizarmos nossos planos, ótimo.

Essa é a lógica prevalente na educação financeira. Se planejarmos adequadamente os aportes financeiros necessários para concretizarmos nossos planos, ótimo. Se, mesmo assim, não conseguirmos concretizar o que queríamos, estaremos em uma situação melhor do que se tivéssemos nos entregado a uma má administração desses recursos. A educação financeira, portanto, visa melhorar a nossa vida financeira, por meio do uso do bom senso que nos direciona para administrarmos adequadamente nossos recursos.

Os brasileiros, conscientemente ou não, estão prestando atenção cada vez maior a esse aspecto. Muitos já perceberam que não faz mais sentido em seguir o ideal do emprego estável que nos levará a receber uma pensão irrisória quando nos aposentarmos pelo INSS. Essas pessoas estão aprendendo que a educação financeira pode levá-las a construir patrimônio e renda que melhorarão sua vida no futuro.


Como Você Pode se Beneficiar da Educação em Finanças


É fácil falar dos benefícios da educação financeira e da consequente administração responsável dos recursos. Mas como transformar tudo isso em realidade, mesmo para aqueles que não têm noções de finanças nem pretendem se tornar profissionais da área?

Não há mistério em responder a essa pergunta porque há apenas duas opções para quem está nessa situação:


  1. investir na sua capacitação em finanças;

  2. seguir as recomendações de quem tem reconhecida competência na área.


A primeira opção é sempre a melhor porque o conhecimento que você obterá é um recurso valiosíssimo em nosso mundo. Por outro lado, você precisará investir muito tempo e dinheiro para se tornar um bom administrador de recursos financeiros. E, por “tempo”, não entenda apenas o período necessário para concluir os cursos e estudar os livros que lhe darão os conhecimentos básicos da área. Você precisará gastar muitas horas diárias identificando e analisando as melhores opções de investimento.

Não se iluda: não há uma pessoa sequer que tenha ganhado dinheiro no mercado financeiro sem passar boa parte do seu tempo coletando e interpretando informações.

Não se iluda: não há uma pessoa sequer que tenha ganhado dinheiro no mercado financeiro sem passar boa parte do seu tempo coletando e interpretando informações sobre empresas, fundos de investimento, leis, regulamentos e outras fontes tediosas e incompreensíveis para a maioria de nós.

A segunda opção tem sido muito comum em nossos dias. Há um número expressivo de profissionais que decidiram ser agentes de divulgação da educação financeira. Vários deles têm feito um trabalho notável nesse sentido. Pessoas como Charles Mendlowicz (do canal Economista Sincero), Thiago Nigro (do grupo Rico), Marília Fontes (da Nord Research), professor Baroni (da Suno Research), Nathalia Arcuri (do canal Me Poupe!) e outros, são pessoas que estão levando conhecimento de qualidade aos brasileiros em geral por meio das plataformas digitais. Muitas vezes, gratuitamente.

Esses profissionais, merecidamente, tornaram-se influenciadores digitais na área de finanças. São sérios, equilibrados e responsáveis no conteúdo que divulgam. Infelizmente, o mesmo não vale para outros que atuam no mesmo segmento de mercado.


O Problema dos Maus Influenciadores Financeiros


O número de maus influenciadores de finanças tem crescido substancialmente na internet. Temos uma profusão de canais do YouTube, sites e perfis de Instagram, Twitter e Tik-Tok dedicados a disseminar políticas e recomendações de investimentos no mínimo questionáveis.


Em parte, a popularidade dos FII deve-se ao fato de pagarem dividendos mensais, característica que os torna um dos ativos favoritos para a estratégia de criação de renda passiva.

Tomemos o que ocorre com os fundos imobiliários (FII) como exemplo. Esses ativos estão entre os mais populares entre os investidores iniciantes - aquelas pessoas que têm pouco ou nenhum conhecimento de finanças e que tampouco pretendem se tornar profissionais dessa área. Em parte, a popularidade dos FII deve-se ao fato de pagarem dividendos mensais, característica que os torna um dos ativos favoritos para a estratégia de criação de renda passiva.

Infelizmente, há influenciadores digitais que usam o chamariz dos dividendos mensais para induzir investidores iniciantes a aportarem recursos em FII que são verdadeiras arapucas. Aqueles que gostam e estudam esse tipo de investimento sabem que é preciso avaliar os fundamentos de um FII: sua taxa de vacância, modelo de gestão de gestão, patrimônio total, liquidez diária, histórico de pagamento de dividendos, entre outros critérios. Fundos com bons fundamentos usualmente pagam dividendos mensais atrativos - e têm cotas vendidas a preços mais altos.

É aí que entra a artimanha dos maus influenciadores financeiros. Eles usam os pagamentos mensais de dividendos como chamariz para os investidores adquirirem cotas de fundos que têm fundamentos ruins e cujas cotas são negociadas a preços extremamente baixos. Os investidores não são alertados sobre o risco do investimento nem sobre outro aspecto que lhes interessa diretamente: FII com maus fundamentos têm cotas mais baratas, mas pagam dividendos muito abaixo do valor médio pago pelos fundos de boa qualidade.

Por exemplo, um dos FII mais divulgados pelos maus influenciadores digitais tem cotas vendidas a cerca de 10 reais, pagando um dividendo médio de R$0,09 por cota desde 2020 (fonte: www.fundamentus.com.br). Um dos FII mais atrativos atualmente tem suas cotas negociadas a R$108,99 a unidade, pagou dividendos mensais médios de R$0,70 no mesmo período. Este fundo tem fundamentos sólidos, sendo um investimento menos arriscado que o primeiro. Mas os investidores iniciantes não verão os influenciadores explicarem isso.

Muitos outros exemplos poderiam ser dados, envolvendo ativos como ações ou fundos de investimento. O principal, entretanto, é responder esta pergunta: se esses influenciadores sabem que determinado ativo é um mau investimento por que eles não informam isso ao seu público? Uma das resposta é: porque eles têm conflito de interesses.

Essa situação emerge quando uma pessoa usa determinada vantagem que ela possui - canal no YouTube, perfil em rede social, participação em programas de TV e assim por diante - para induzir outros a agirem de uma maneira que a beneficie. Sem tornar pública a existência desse interesse próprio.

Influenciadores digitais de finanças se envolvem constantemente em conflito de interesse. Em muitas situações, eles têm ativos ruins em suas carteiras de investimentos, ou seja, alocaram recursos em opções com rentabilidade baixa ou negativa e risco alto demais. Dessa forma, aproveitam-se de seus canais de comunicação para incentivar os investidores inexperientes a adquirirem esses mesmos ativos, livrando-se deles. É uma conduta antiética, mas comum no meio, infelizmente.



Conclusão: Como não cair na Conversa dos Maus Influenciadores Financeiros



Diante dessa situação, será que os investidores - mesmo os iniciantes - conseguem avaliar as recomendações dos influenciadores digitais, tanto maus quanto bons? Sim, os bons também erram e esse fato nos alerta para a necessidade de considerarmos suas opiniões com bom senso.

Há algumas ações que os investidores podem adotar para fugir das armadilhas dos maus influenciadores e dos equívocos que os sérios cometem às vezes. São elas:


  1. Assista ao conteúdo do influenciador sabendo que há múltiplas abordagens em finanças.

  2. Faça o possível para conhecer e entender duas ou três dessas abordagens alternativas, no mínimo.

  3. Saiba que os bons investidores sempre têm uma estratégia bem definida por trás das suas escolhas de investimento. Você precisa identificar aquela que supostamente deveria fundamentar as recomendações do influenciador digital.

  4. Nunca se apresse em fazer os aportes recomendados pelo influenciador. Estude cada ativo que ele mencionar, procurando avaliar seu risco e solidez dos fundamentos.

  5. Busque informações sobre investimentos em fontes qualificadas e gratuitas. No caso de ações e FII, não deixe de pesquisar o site da Fundamentus (https://fundamentus.com.br). Outras fontes também são muito boas como StatusInvest (https://statusinvest.com.br) e Yahoo Finance (https://finance.yahoo.com).

  6. Sempre assista ao conteúdo de um influenciador tendo em mente que ele pode ter conflito de interesse por trás da recomendação de investimento. Obviamente, nem todos os influenciadores são antiéticos, mas essa atitude vai ajudar você a ser mais prudente antes de investir em determinado ativo.

Como você deve ter percebido, tudo passa por um esforço pessoal de conhecer e entender o investimento antes de aportar recursos nele. Não há mágica em finanças: ou você sabe o que está fazendo ou fica na mão daqueles que dizem que sabem.

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Guest
Jun 12, 2023
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Humberto é sempre nota máxima

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